Entrevista sobre o Ano da Vida Consagrada
- Qual o sentido do Ano da Vida Consagrada?
- Como ele foi vivido na Arquidiocese de Goiânia?
- Qual a importância e o papel da vida consagrada para a Igreja?
- Como é assumir essa vocação?
- Papa Francisco entre as intenções para o Ano da Vida Consagrada, ele diz que é momento de assumir as fragilidades. Qual as dificuldade nos dias de hoje?
Nome:Irmã Sandra Camilo Ede
Congregação:Irmãs Dominicanas de Monteils
Cargo exercido na congregação: atualmente estou a serviço da Conferência dos Religiosos do Brasil/Regional de Goiânia, como coordenadora geral.
O Ano da Vida Consagrada foi inaugurado pelo Papa Francisco no domingo, dia 30 de novembro de 2014, quando se iniciou o novo ano litúrgico 2014-2015. A iniciativa deste Ano, que vai encerrar no próximo dia 2 de fevereiro, dia mundial da/o Consagrada/o, foi anunciada pelo Papa Francisco no dia 29 de novembro de 2013, no final da 82ª Assembleia Geral da União dos Superiores Gerais (UISG) – encontro do Papa com os Superiores Gerais dos Institutos Religiosos em Roma – e está inserida no contexto da celebração do Jubileu dos 50 anos do Concílio Vaticano II e do Decreto “Perfectae Caritatis” sobre a renovação da Vida Religiosa, documento proveniente do referido Concílio.
A proposta do Ano da Vida Consagrada é animar as pessoas consagradas a “olhar para o passado com gratidão, viver o presente com paixão e abraçar o futuro com esperança”.
Na Arquidiocese de Goiânia, a abertura do Ano da Vida Consagrada aconteceu no mês de janeiro de 2015, com uma missa presidida por D. Washington, realizada na Catedral, com a participação de muitos consagrados e consagradas. No decorrer do ano foram realizadas diversas atividades, através da Conferência dos Religiosos do Brasil/Regional de Goiânia (CRB), tais como: encontros; celebrações; participação no Congresso da Vida Consagrada, em Aparecida. A livraria Paulus ofereceu seu espaço para a realização da reunião da Rede Um Grito pela Vida, da CRB, acompanhado de um lanche para as pessoas consagradas, uma vez por mês.
O encerramento do Ano da Vida Consagrada, na Arquidiocese de Goiânia, foi agendado com D. Washington, em comum acordo com a CRB, para o dia 31 de janeiro, com a Celebração Eucarística, às 11:30h e todos estão convidados a participar.
As pessoas consagradas, como afirma o próprio Papa Francisco, “não são um material de ajuda, mas são carismas que enriquecem as Dioceses” (Cf. Papa Francisco na 82ª Assembleia Geral da União dos Superiores Gerais). A Vida Consagrada, com a riqueza dos seus carismas, tem realizado uma significativa missão evangelizadora nas diversas realidades de exclusão; no resgate da dignidade da vida; no âmbito da educação e da saúde; nas pastorais; na formação de novos agentes comunitários; enfim, através de diferentes pilares, as Consagradas e Consagrados transmitem e testemunham a fé e o seguimento a Jesus Cristo, edificando assim a vida espiritual e pastoral da Igreja.
Assumir essa vocação é motivo de grande alegria. O que afirma o Papa Francisco, “onde estão os Religiosos existe alegria” é uma grande verdade, pois somos mulheres e homens escolhidas e escolhidos por Deus para uma missão profética, no mundo. Na essência da Vida Consagrada está a profecia e somos chamadas e enviadas para viver no mundo, sem ser do mundo, sem deixar-nos contagiar pelos contra valores, mas para testemunhar os valores do Evangelho, para “acordar o mundo”. Seguir a Jesus desse modo tão especial traz uma grande felicidade interior que nos faz transbordar de alegria, mesmo que tenhamos que enfrentar desafios e dificuldades.
Estamos vivendo em uma realidade de muitas crises e uma das mais fortes é a crise nas relações. Essa crise afeta também a vida consagrada, tornando-se um grande desafio para a vida comunitária.
Outra fragilidade encontra-se na ação pastoral que necessita criatividade, discernimento e muita paixão. Ás vezes nos encontramos em certas estruturas pastorais que ainda repetem esquemas ultrapassados e inadequados para as demandas da realidade atual, centralizados e excludentes. O mundo clama por resposta nova, criativa, coerente, participativa. Percebe-se certa dificuldade em responder a esse clamor.
Diante da realidade do envelhecimento e do número reduzido de vocações, outra dificuldade é abraçar o futuro com esperança.
Contudo, as fragilidades da Vida Consagrada não são motivo de desilusão ou desânimo, pois o fundamento da Vida Consagrada não está nos números ou nas obras, mas naquele em quem pusemos nossa confiança (2Tm 1,12) e para quem nada é impossível (Lc 1,37). A Vida Consagrada está escrevendo sua história e continuará a fazê-lo, pois é o Espírito quem nos conduz e nos anima.